sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

hORA DE IR PRÁ ESCOLA

Qual é a melhor idade para colocar a criança pequena na escola? Será que meu filho já está preparado para essa atividade? Passar pelo conhecido sofrimento dos primeiros dias não será prejudicial para uma criança tão pequena? Será que a decisão que tomei foi a mais acertada para ela?"
Essas são algumas das muitas perguntas que devem acompanhar o sono ou a insônia de muitos pais que têm filhos com menos de três anos nesta época do ano. Como seria bom para eles se tivéssemos respostas para todas as questões. Mas eles sabem que não há certezas nem respostas certas para suas dúvidas. Mesmo assim, é possível refletir a respeito delas. Já houve um tempo em que muitos profissionais, principalmente da área da saúde mental, não hesitariam em dizer que a melhor idade para a criança ser matriculada na escola seria em torno dos três anos. Aliás, até hoje alguns pesquisadores mantêm tal convicção. O que amparava esse princípio era a crença de que a criança, até os três anos, precisaria apenas do amor dos pais e de cuidados exclusivos para se desenvolver.Além disso, o aconchego de sua casa e a presença afetiva de pelo menos um parente seriam condições reconfortantes e estruturantes para o início da vida.
Sabemos que, com o atual avanço das ciências, é difícil encontrar consensos, mesmo no conhecimento sistematizado. Por isso, hoje não é simples afirmar o mesmo que décadas atrás -nem o contrário. Em resumo: não temos dados que garantam que, para o bom e saudável desenvolvimento da criança, o melhor seja que ela fique dentro ou fora da escola nos três primeiros anos de vida.
Isso quer dizer que são os pais que precisam analisar o contexto da vida familiar para fazer uma escolha criteriosa. O essencial é que os motivos da escolha tenham como referência a criança, e não os próprios pais. Mas o mais importante é que, tomada a decisão de forma sensata e consciente, os pais se sintam seguros dela.
Se há um fator que pode atrapalhar a ida da criança à escola na primeira infância é a ansiedade dos pais. Ela é passada para a criança, que percebe que algo não está bem, e isso gera conseqüências em seu humor e em sua possibilidade de desfrutar da nova situação e de desenvolver todo o seu potencial.
É sempre bom ressaltar que a criança sente tudo o que ocorre à sua volta. Claro que ela não consegue nomear os motivos do que sente, mas reage a eles. Desse modo, quando a criança vai para a escola e chora desesperadamente por muito tempo, ela expressa, quase sempre, a emoção ou a resistência que a mãe tem para deixar o filho.
É por isso que muitas escolas construíram um período inicial chamado de adaptação. Nesse espaço de tempo, a escola convida a mãe ou um responsável pela criança para acompanhar mais de perto sua iniciação no espaço escolar. Essa estratégia permite que os pais estabeleçam um vínculo de confiança mais sólido com a escola, porque observam de perto os cuidados que os profissionais têm com as crianças e as atividades que elas realizam e, desse modo, ficam mais seguras com sua decisão. Mãe segura resulta em criança tranqüila e livre para uma boa despedida, não é?
Quando uma criança resiste desesperadamente e com todas as suas forças a ficar na escola, o mais provável é que seus pais não estejam preparados para deixá-la, e não que ela não esteja pronta para esse período de separação.
Se pudermos tirar alguma conclusão a esse respeito, ela é simples: criança menor de três anos pode se desenvolver bem na escola, em casa ou com parentes. O que importa é que ela seja bem-cuidada, que o ambiente seja rico em afetos positivos e que seus pais tenham confiança nas pessoas que a acompanham.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Dinâmica para o primeiro dia de aula

Tem uma dinâmica que vc pode fazer com o textos girassois e miosotis... vc le a mensgem em no final entrega para os pais duas flores desenhadas e recortadas uma seria o girassol e outra o misosotis no final o pais escolhem uma flor que se identifica som seu filho e deixa para ele uma mensagem e vc pode fazer um painel com todos as flores para o outro dia quando as cranças chegarem vão encontrar um jardim feito pelos pais...

O girassol é a flor raçuda que agüenta até a mais violenta intempérie. Acaba sobrevivendo. Ele quer luz e espaço e o dia inteiro seu corpo se contorce na direção da mesma. O girassol aprendeu a viver com o sol, por isso é forte.
Já o miosótis é plantinha linda, mais frágil. Agüenta pouco. Exige muito mais cuidado. Gosta mais de estufa.
O girassol se vira, e como vira.
O miosótis quando se vira, vira errado. Precisa de atenção redobrada.
Há filhos girassol e filhos miosótis. Os filhos tipo girassol, resistem a qualquer crise e descobrem um jeito de viver bem sem muita ajuda. As mães, chegam a reclamar da independência desses meninos, tal a sua capacidade de enfrentar problemas e sair-se bem. Por outro lado, há filhos e filhas miosótis. A toda hora precisam de reparos e atenções. Todo cuidado é pouco diante deles. Reagem sem medida, melindram-se por qualquer coisa, são mais egoístas que os demais; ou às vezes são generosos, mas tímidos, caladões, encurralados.
Estão sempre a precisar de cuidados. O papel dos pais é o do jardineiro, que sabe as necessidades de cada flor e incentiva ou poda na hora certa.
De qualquer modo fique atento.
Não abandone demais os seus filhos girassóis, porque eles também precisam de carinho, e não proteja demais os seus miosótis, senão acabarão dominando a família. As rédeas permanecem com vocês, a tesoura e o regador também.
Não negue, mas não dê tudo o que eles querem; ambos, a falta e o excesso de cuidado, matam a planta.
José Fernandes de Oliveira "Pe. Zezinho"

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Fobia escolar

Não quero ir à escola!!!
É normal que a criança apresente alguma recusa em ir para a escola, sobretudo após um período grande de ausência, nomeadamente nas férias. Algumas crianças apresentam maior dificuldade na adaptação do que outras, podendo mesmo manifestar sintomas físicos, como dores de cabeça ou fazerem “chichi” na cama nos primeiros dias. Estes sintomas são considerados normais e fazem parte do processo adaptativo. No entanto, há que estar sempre presente e atenta pois todos os medos que permanecem durante bastante tempo no imaginário da criança e/ou que condicionam o quotidiano em diferentes contextos, devem ser analisados. Muitos destes medos podem consolidar-se, tornando-se fóbicos, pois a criança não os consegue eliminar de forma natural. Relativamente à escola, estes medos podem constituir-se como uma Fobia Escolar.
Fobia Escolar A Fobia Escolar aparece, com maior incidência, entre os 6 e os 10 anos de idade, após a criança ter ultrapassado a ansiedade do primeiro contacto com a escola e quando parece já perfeitamente adaptada. É uma patologia que se distingue dos vulgares medos ou da banal recusa esporádica em ir à escola pelo facto de ser mais intensa e prolongada no tempo, interferindo com o quotidiano e com a rotina diária da criança e da sua família. É um medo acentuado, desmedido, excessivo de ir à escola. As crianças com Fobia Escolar apresentam sintomas somáticos, como vómitos, diarreia, palpitações ou dores diversas, perturbações do sono e da alimentação, podem fazer chichi na cama e chorar desesperadamente, sobretudo quando se aproxima a hora da ida para a escola, no final do fim-de-semana ou das férias mais ou menos prolongadas. Os sintomas desaparecem de forma milagrosa se os pais acedem a deixar o filho em casa. Embora os trabalhos de casa sejam, na maioria das vezes, feitos com gosto e não exista recusa em estudar, muitas vezes são crianças que preferem ficar em casa com os pais a brincar, na rua, ou na casa de um amigo. Cabe aos pais estimular a criança com Fobia Escolar para brincar com outras crianças, mostrando-lhe o lado bom das brincadeiras e das amizades. Nestes casos, é necessário que os pais procurem um psicólogo que possa avaliar a criança e identificar concretamente o que está na origem da Fobia Escolar, que muitas vezes não está directamente relacionada com a escola mas sim com a dinâmica familiar. É também comum que esta patologia esconda uma Depressão Infantil, pelo que o diagnóstico diferencial feito por um especialista é essencial. No entanto, os pais também podem agir, quer em casos de Fobia Escolar, quer nos medos mais vulgares que a criança possa ter.
O papel dos pais Os pais não devem subestimar nem ridicularizar os medos da criança, e muito menos ignorá-los. Uma criança com medo necessita de compreensão e tolerância. É importante conversar com a criança, procurando perceber o que causa esse medo. No caso da Fobia Escolar, tente perceber o que lhe desagrada tanto na escola. É também muito importante ter consciência de que, quanto mais ceder às pressões da criança, mais difícil será a sua (re)adaptação à escola e maior será a dificuldade da criança em vencer os seus receios. Assim, é importante que a criança não deixe de ir à escola. O medo da criança não deve ser sobrevalorizado e a rotina da família não deve ser gerida em redor desse medo. Os pais devem procurar responder de forma adequada, mostrando-se seguros e firmes na sua explicação, pois a criança está muito atenta à ansiedade dos pais. Quando os pais deixam a criança na escola, devem permanecer um pouco junto dela, embora mantendo uma posição firme e segura e não vacilando no momento da despedida. Se a criança desejar, podem deixar-lhe um brinquedo preferido, o que a reconfortará enquanto estiver longe dos pais. Nunca devem sair sem se despedir dela e é importante referirem quando a irão buscar. Devem chegar sempre a horas e, se por algum motivo se atrasarem, devem avisar. A criação de uma expectativa positiva em relação à escola é também muito importante, pois a sua atitude face à situação é fundamental para ajudar a eliminar os receios do seu

Entrevista com uma psicóloga sobre o primeiro dia de aula

Transcrição de uma entrevista concedida à jornalista Paula Martins, da Revista "Bebé D'hoje", em agosto de 2006.
O tema pode ser bastante proveitoso para os pais de crianças que estão prestes a ingressar em uma creche ou infantário após este verão.
Paula Martins: O tema do trabalho é sobre o primeiro dia da criança na creche ou infantário após as férias de Verão. O que, para muitas crianças, é mesmo o primeiro dia que vão à escola (os pais deixam passar as férias grandes para fazer a matrícula no novo ano escolar). Esta situação gera ansiedade nos pais e nas crianças. Como poderá ser amenizada (o que fazer)?
Annie Romantini: A decisão de colocar o filho na escola deve resultar de atitude pensada, consciente e segura. Se os pais confiam na escola, sentirão segurança na separação e esse sentimento será transmitido à criança, que suportará melhor a nova situação.Os pais devem ter a consciência que a escola será boa para o seu filho, não só pelo facto deles poderem ir trabalhar tranquilamente mas, principalmente, porque a escola estimulará o desenvolvimento de seu filho em muitos aspectos: afectivos, sociais, físicos e cognitivos. Esta consciência torna mais fácil encarar e resolver a situação, já que muitas crianças apresentam dificuldade de adaptação mais por uma ansiedade dos pais, principalmente da mãe, do que por qualquer outro motivo.A ida da criança para a escola deve ser preparada; entretanto, devem ser evitadas longas explicações para ela, pois isso pode despertar suspeitas e insegurança. Apenas se deve responder naturalmente o que ela quiser saber.Cuidados devem ser tomados nesse período inicial (adaptativo) em relação a: troca recente de residência, retirada de chupeta ou fraldas, troca de mobília do quarto da criança, perda de parente próximo ou animalzinho de estimação.Também deve ser observada com especial atenção a criança entre os 8 meses e os 12 meses. Em geral, até os sete meses não há apresentação de problemas de adaptação, pois o bebé não distingue, visualmente, a sua mãe de outros adultos estranhos, sugere-se dois ou três dias para adaptação da mãe. A partir dos 8 meses verifica-se o "estranhar" (nível de maturação que permite ao bebé distinguir a diferença visual entre o conhecido e o desconhecido). Nessa época a adaptação pode ficar mais difícil e levar alguns dias.
P.M.: Quanto às reacções das crianças: umas choram muito, outras não, como lidar com a situação?
A.R.: O choro na hora da separação é comum e frequente e nem sempre significa que a criança não queira ficar na escola. Por outro lado, a ausência do choro não significa que a criança não esteja sentindo a separação. Na maioria dos casos, por mais traumático que seja o momento da separação, assim que os pais vão-se embora, as crianças deixam de sofrer e ficam tranquilas e confiantes naquele ambiente desconhecido e que oferece tantas novidades a serem exploradas! No entanto, é muito importante que as particularidades de cada criança e de sua respectiva família sejam observadas.Não há uma fórmula mágica que garanta que tudo corra bem nesta fase inicial, é preciso que pais e educadores fiquem atentos ao processo de adaptação da criança e sua família.
P.M.: Li que existe um período de adaptação de mais ou menos 2 semanas, no qual é normal que as crianças chorem...
A.R.: O período de adaptação varia de criança para criança, é único e deve ser avaliado individualmente. Havendo possibilidade, a criança pode começar esse período de adaptação aumentando gradualmente o número de horas que passa na creche, ou infantário, até atingir o horário regular estabelecido, podendo ter presente a pessoa que o está acompanhando (pai, mãe, avó, etc.). Durante estes dias já vai se criando uma rotina onde a criança consegue prever a hora de ir embora e reencontrar a pessoa querida. O pai, a mãe, ou seja quem for que vá levar a criança à casa, nunca deve chegar atrasado ao final do período para buscá-la! Mas nesta fase de adaptação, isto é ainda mais importante!
P.M.: O que se pode fazer para que a adaptação seja mais fácil, o que dizer e como se devem os pais comportar ? Sei do caso de uma mãe que ao mesmo tempo que incentiva a filha a entrar na sala de aula a agarra com força ao colo, isso deve gerar uma confusão muito grande na criança, são duas informações opostas…
A.R.: Deve-se incentivar, com carinho e paciência, e jamais forçar com violência e ansiedade, a criança a ficar na escola, pois isto só aumentará a sua angústia.Cabe à mãe entregar a criança ao educador, colocando-a no chão e incentivando-a a ficar na escola. Não é recomendável deixar o educador com o encargo de retirar a criança do colo da mãe.Os pais nunca devem sair escondidos de seu filho, isto é um grande erro! Devem despedir-se naturalmente. Os pais devem incentivar a criança a procurar a ajuda do seu educador quando necessitar de algo, para que crie um laço afectivo com ele.Deve-se evitar comentários sobre a adaptação da criança em sua presença.
P.M.: Parece-me que o comportamento dos pais é determinante para a relação futura de uma criança com a escola (e com a vida em geral)…
A.R.: Certamente que sim! Há vários estudos que encontraram relações positivas ao investigar a ansiedade dos pais e a adaptação de seus filhos à escola.
P.M.: Levar o filho à escola e ir buscá-lo, transmitir confiança e segurança é o papel dos pais ou de alguém próximo da criança. É boa política ficar com a criança na sala de aula durante os primeiros dias?
A.R.: Há crianças que já no primeiro dia se despedem da mãe e se integram com as outras crianças, neste caso não há a necessidade de permanecer com ela na sala de aula.No caso da criança mostrar-se muito ansiosa, com medo, enfim, havendo a necessidade, pode-se recorrer a um programa de adaptação onde o responsável por ela possa permanecer na sala de aula ou, dependendo das regras da escola, fora da sala, mas num lugar visível para a criança, num pátio ou mesmo à porta da sala, por algumas horas nos primeiros dias. Algumas escolas poderão não permitir a presença de outras pessoas na sala de aulas ou de actividades, por entenderem que isso pode dificultar a compreensão da separação e fazer com que outras crianças, que estão mais adaptadas já, também cobrem a presença dos seus pais ou de alguém conhecido.
P.M.: Qual será o papel dos educadores para tornar a adaptação mais fácil? (as novas correntes educativas apelam à uma maior proximidade emocional com as crianças, coisa que não era muito importante há uns anos atrás...)
A adaptação da criança está na dependência da orientação da educadora, que deverá conhecer suas necessidades básicas, suas características evolutivas e ter informações quanto aos aspectos de saúde, higiene e nutrição infantil (todas estas informações devem ser passadas pelos pais em entrevista prévia com a direcção através de anamnese). Sendo assim, a socialização da criança desenvolve-se harmoniosamente adquirindo superioridade sob o ponto de vista da independência, confiança em si, adaptabilidade e rendimento intelectual.As actividades programadas devem basear-se em suas necessidades e interesses; crianças são ávidas para explorar, experimentar, coleccionar, perguntar, aprendem depressa e desejam exibir suas habilidades.As actividades que estimulam a percepção visual, percepção visomotora e coordenação motora, percepção auditiva, linguagem oral , percepções gustativas e olfactivas, percepção táctil, Educação Artística e Educação Física integram o processo de aprendizagem da criança com o processo de socialização.Caberá à pré-escola estimular e orientar a criança, considerando os estágios de seu desenvolvimento, aceitando-a e desafiando-a a pensar. O ambiente que estimule a actividade criadora da criança, além de contribuir para o seu desenvolvimento global, estará, certamente, favorecendo a aproximação da criança à realidade escolar.Saliento que o desenvolvimento da criança deve ser acompanhado principalmente pelos pais pois a escola é apenas um suporte facilitador para todo o processo. Os pais também devem acompanhar a rotina da criança através dos recursos que a escola deve disponibilizar (como uma agenda escolar, por exemplo, onde sejam anotados recados para os pais ou comunicações sobre o dia da criança) e do diálogo aberto com os educadores.
P.M.: As adaptações difíceis à escola também podem ser trabalhadas psicologicamente? Como? (Há casos de crianças que vomitam, choram, têm diarreias durante mais tempo do que o aceitável para a adaptação, chega a ser uma situação patológica, porque é que acontece e como pode ser resolvida? )
A.R.: Poderão ocorrer algumas regressões de comportamento durante o período de adaptação, assim como alguns sintomas psicossomáticos (febre, vômitos etc.). Existem muitos factores em jogo e a primeira coisa que os pais devem fazer para tentar solucionar o problema é observar e conversar com seus filhos, buscando as “causas reais”. Devem também se lembrar que as férias trazem maior liberdade com horários, maior convivência com os irmãos e primos, um relaxamento das exigências com horários e obrigações diárias, maior atenção familiar à criança, já que normalmente os pais (ou ao menos a mãe) estão mais presentes. Custa muito perder isso tudo! É importante recordar também que, mesmo que a escola seja a mesma, as crianças sabem que as exigências pedagógicas serão gradativamente maiores e ela pode não se sentir à altura de atender a mais essa demanda. No caso de ter havido mudanças de escola, ou na escola (troca de professores, por exemplo), há uma ansiedade natural frente ao desconhecido e pior será se forem novos os futuros coleguinhas!É importante lembrar que questões ligadas à violência escolar, não devem ser descartadas a priori.De modo geral, uma boa parte dos casos se resolve conversando, buscando as razões da criança e colocando para ela, com afecto e calma, a realidade da situação: a eventual professora desconhecida vai se tornar tão amiga quanto a já conhecida, as dificuldades escolares são graduadas de acordo com o já ensinado no outro semestre e todas as crianças mais velhas já passaram por isso; os finais de semana vão propiciar de novo esses maravilhosos momentos de encontro familiar, mais amigos vão chegar e se juntar aos antigos, etc.Entretanto, existe sempre uma parcela de crianças queixosas que continua resistente a mudar esta sua posição. Quando as crianças demonstram medo ou sofrimento na volta às aulas e todos os esforços familiares parecem inúteis, é indicado procurar o olhar profissional de quem entende de desenvolvimento infantil, um psicólogo ou psicopedagogo.
O texto da jornalista Paula Martins, baseado nesta entrevista e no restante material por ela recolhido, foi publicado na edição de setembro da Revista Bebé D'hoje.
Dra. Annie Raquel Romantini
Psicóloga

Treinando Inteligência Emocional

TREINANDO A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
O controle das emoções é uma das capacidades cognitivas mais importantes para o gerenciamento dos recursos intelectuais como um todo. Pessoas com alta capacidade de controle sobre as reações emocionais têm maior probabilidade de sucesso escolar e profissional do que as dotadas de maiores conhecimentos ou experiência, porém, com dificuldades de controle emocional (55).
O treinamento do controle emocional não é tarefa fácil para os pais. Duas coisas devem ser consideradas: o exemplo vivenciado no lar e as reações dos pais aos sentimentos da criança. Pais descontrolados têm filhos descontrolados. Pais que não impõem limites de conduta têm filhos com dificuldade de enfrentar frustrações. Neste campo, a sensibilidade aos aspectos psicodinâmicos pode ser mais importante que a obediência a regras e generalizações, mas para perceber o que se passa na cabeça da criança, é necessário que o adulto tenha certo grau de consciência e controle sobre a sua própria dinâmica emocional.
O primeiro passo é treinar a criança a reconhecer as emoções.
Desde os primeiros dias de vida, podemos estimular este aspecto do bebê com atitude muito simples: encarando-o e olhando em seus olhos freqüentemente.
Olhar nos olhos é a atitude chave para a análise emocional.
Acostume seu filho com este tipo de contato visual desde o nascimento.
Os seres humanos de todas as raças e povos estão geneticamente programados a demonstrar, através de expressões faciais universais, como anda o seu estado de espírito.
Os músculos da face estão ligados através de reflexos aos centros emocionais e, apesar de poderem ser controlados conscientemente, geralmente transmitem, através de padrões característicos, mensagens não-verbais importantes do ponto de vista social. Acostumar o bebê com os padrões torna mais fácil o reconhecimento deste tipo de mensagem e conseqüentemente a comunicação (esta entendida no seu sentido amplo e não apenas no aspecto verbal).
Mais do que isto, já está provado por Imagens de Ressonância Magnética Funcional, que a interação ocular estimula as áreas de recompensa e prazer (Ventral Striatum) do Sistema límbico cerebral, reforçando esta atitude chave na interação humana.
Propiciar à criança ambiente rico em aspectos emocionais também é importante. Alguns pais tentam "proteger" seus filhos, isolando-os em um mundo hermético e livre de contrastes emocionais, numa tentativa de resguardá-los das agruras humanas. Nada mais equivocado. A criança precisa desenvolver mecanismos de reconhecimento, interpretação e mesmo de atuação efetiva sobre os aspectos emocionais alheios, principalmente pelo fato de que esta é atividade essencial para a coexistência social. Neste aspecto, os pais podem habituar-se a permitir que o bebê simplesmente esteja presente às reuniões de família, conversas com amigos, reuniões sociais; locais, enfim, onde exista interação humana.
O aspecto emocional pode também ser abordado nas brincadeiras. Atribuir emoções e comportamentos humanos a bonecos, bichos de pelúcia, fantoches e personagens de histórias fictícias, é um modo eficiente de trabalhar este conteúdo e ajudar a criança a reconhecer as próprias emoções e comportamentos. A apresentação de problemas revestidos com aspectos emocionais, quando realizada neste contexto lúdico , auxilia a criança a descobrir que pode, efetivamente, interferir no curso das emoções alheias.
A abordagem direta dos sentimentos também é importante para crianças que tenham certo grau de compreensão verbal. Aproveitar ocasiões de raiva, medo, alegria ou tristeza para chamar a atenção da criança a fim de reconhecer os sentimentos em si mesma, nomear e discutir abertamente tais emoções também é uma técnica valiosa.
O controle emocional é um dos requisitos para a mudança comportamental que se opera na infância. O recém-nascido obtém tudo o que necessita através do choro. O choro para a criança é o processo básico de solução de problemas imediatos. Inicialmente, o choro é desencadeado pela sensação de desprazer físico. Mais tarde, com a elaboração dos processos emocionais, a criança começa a ter outras "necessidades" (como, por exemplo, um brinquedo novo) que, se não satisfeitas, vão gerar sentimentos como a raiva e a frustração. A tendência natural da criança é tentar resolver o problema da maneira habitual, ou seja, chorando. Crianças entre um e dois anos com raiva ou frustração realmente canalizam seu comportamento para um pranto incontrolável e sincero. Crianças maiores de dois anos (às vezes menos) podem ter comportamentos mais elaborados, como crises de birra (nas quais o choro pode fazer parte ou não). A crise de birra é a maneira de a criança manipular emocionalmente os adultos com objetivos bem definidos.
Para lidar com este processo, é essencial que os pais tenham sensibilidade para diferenciar até onde vai a emoção e quando começa a manipulação consciente. Muitas vezes, é difícil até para a criança saber a razão pela qual está chorando. Crianças com sono podem chorar como se quisessem algo que não sabem o que é. Às vezes, a criança pode começar a chorar por um motivo, esquecer o motivo e continuar chorando até que consiga controlar as emoções. Qualquer que seja a razão do choro, quando os pais satisfazem a criança, fornecendo-lhe seu objeto de desejo, estarão reforçando, necessariamente, o comportamento que, mais cedo ou mais tarde, precisará ser corrigido. A correção de comportamento (ou educação) pode ser iniciada a partir do momento em que a criança domine uma estrutura lingüística que permita diálogo efetivo. A presença desta estrutura lingüística pressupõe a existência de capacidade cognitiva capaz de interromper o curso dos circuitos emocionais, na tentativa de ação social mais efetiva. Neste sentido, é importante que os pais deixem de recompensar o choro ou a birra, tenham paciência e procurem estabelecer uma linha de diálogo, assim que a criança dê sinais de que está acalmando-se. O diálogo deve ser consistente, seguro e sempre apresentar razões que justifiquem ou expliquem a atitude ou situação que está gerando raiva ou frustração. As razões são essenciais para a elaboração cognitiva destes processos.
A manipulação dos sentimentos das crianças pelos adultos também é área que merece atenção especial. É muito comum os pais desenvolverem técnicas de manipulação psicológica, com objetivo de alterar comportamentos específicos. Geralmente, a manipulação é feita com objetivos nobres, outras vezes de forma pueril e inconseqüente. É preciso ficar atento para o que se pretende e o que está realmente em jogo. Compaixão e culpa são duas grandes maneiras de, eliciando emoções, manipular pessoas. A culpa é sentimento, por assim dizer, negativo e praticamente não é reconhecido nos animais, o que equivale dizer que é emoção trabalhada lingüisticamente. O que é a culpa? Quem e o que geram isto em crianças? Pessoas queridas que demonstrem estar "magoadas" com atitudes da criança determinam ou tentam determinar mudanças radicais de comportamento no petiz. Muitas vezes, para o adulto, isto é apenas um teatro que funciona muito bem em crianças. O que não se pode esquecer, no entanto, é que as impressões experimentadas nesta fase de aprendizado e estruturação podem permanecer por toda a vida. Em certas situações, a culpa pode ser sentimento até desejável e regulador do comportamento social. Em outras, pode ser sentimento frustrante e castrador, responsável por inibições, timidez e repressão social. É o que a psicologia chama de superego. Aos pais, como educadores, compete ter a sensibilidade necessária para não abusar deste tipo de processo, utilizando-o apenas com objetivos claros, voltados para a educacão comportamental, latu senso.

Como preparar a criança para ir na escola?

Como preparar a criança para o primeiro dia de aula?Tudo pronto para o tão esperado primeiro dia de aula. A ansiedade toma conta não apenas da criança, mas principalmente dos pais e é aí que está o "xis" da questão. A entrada da criança na escola costuma gerar sentimentos contraditórios nos pais, apesar de estarem conscientes da escolha feita e orgulhosos por mais uma etapa que se inicia. "A cobrança de que a mãe deva estar por perto dos filhos todo o tempo é muito grande na sociedade e, por mais racional que tenha sido a escolha, haverá momentos em que a angústia irá dividi-la", detalha a psicóloga carioca Fernanda Roche. A criança, em meio a este cenário, também pode alternar a vontade de estar entre outros colegas em um espaço lúdico e rico em materiais e novas descobertas e o medo do desconhecido. É neste momento que ela observa, atentamente, as atitudes dos pais para ter alguma referência sobre como deve se comportar. "Toda a família deve se preparar para a fase de adaptação, que pode durar poucos dias ou se prolongar por mais algum tempo", diz Fernanda. A psicóloga elaborou algumas dicas que poderão auxiliar os pais em mais esta etapa do crescimento dos filhos. Confira! · A criança deve ser incentivada a ir à escola. A família deve falar deste assunto com animação·Devem ser evitadas longas explicações que possam gerar insegurança ou desconfiança· É fundamental levar a criança para conhecer a escola antecipadamente e deixá-la se ambientar durante algum tempo, à vontade· É preciso tomar cuidado com as mensagens contraditórias como, por exemplo, oferecer recompensas pela ida à escola, tratá-lo como "coitadinho" por estar tendo que acordar cedo para ir à escola· Os pais precisam conseguir um tempo flexível para ficar na escola durante o processo, de acordo com a orientação da coordenação pedagógica. Havendo revezamento entre os pais, ou se precisarem contar com a ajuda de outra pessoa, ela deve ser muito familiar à criança e deverá estar a par das orientações da escola quanto ao período de adaptação· Será preciso que compreendam que o choro na hora da separação é muito comum e que ele não significa necessariamente que a criança não queira ficar na escola· Da mesma forma, a ausência de choro muitas vezes também não quer dizer que ela não esteja sentindo a separação· Evitar comentários sobre as atitudes da criança na sua frente· A criança deve ser levada caminhando e desta forma ser entregue à professora. É sempre mais difícil sair do colo de alguém conhecido·Mais adiante, será preciso incentivar a criança a ficar na creche, dizer sinceramente que estão indo embora e explicar quem virá buscá-la Desta forma, ela vai conseguindo ganhar confiança de que voltará normalmente para casa· É preciso que procurem ser carinhosos, mas firmes, sem demonstrar dúvidas sobre se ela vai ficar bem· Os pais devem despedir-se naturalmente e nunca sair escondidos. A criança fica muito desconfiada e insegura com esta atitude· É muito importante, ainda, que os pais se lembrem de que cada criança é única e que cada período de adaptação será também único e individual. Evite fazer comparações entre a adaptação de coleguinhas ou irmãos· Em casa, organizar a rotina de forma que a criança não se sinta apressada para sair para a escola, tirando-lhe parte de seu prazer· Incentivá-la a organizar um espaço para guardar os pertences da escola, assim como uniformes e merendeiras· Organizar um espaço de estudo tranquilo e individual· Combinar um horário de estudo com a criança (quando houver) · Dar atenção aos deveres de casa de um filho é muito importante. Desta forma, os pais saberão o que a criança está aprendendo e terão mais uma oportunidade de troca com ela· Será muito útil perguntar as novidades na volta da escola, ajudando a fixar os aprendizados e as novas descobertas· Quando a criança levar lanche, incentivá-la a ajudar a preparar seu lanche ou a escolher entre algumas poucas opções...

Fonte, revista CRESCER

Sugestões para o primeiro dia de aula

ÁRVORE DOS SONHOS
Representar uma árvore no papel pardo ou cartolina; afixá-la no painel ou parede. Em cima da árvore, escrever uma pergunta relacionada com o assunto (pode ser sobre questões ambientais, regras de convivência, o ambiente escolar etc) que será tratado durante o bimestre, trimestre... Ex.: Como gostaríamos que fosse...?
Cada criança receberá uma "folha da árvore" para escrever seu sonho, o sonho é o que a criança espera que "aconteça de melhor" para o assunto em questão. Depois, pedir para cada criança colocar sua folha na árvore dos sonhos.
Obs: Esta atividade poderá ser retomada durante o período que for trabalhado o assunto, ou ao final do período para que haja uma reflexão sobre o que eles queriam e o que conseguiram alcançar.

DA CONFUSÃO À ORDEM
Estas atividades são ideais para que a criança perceba a necessidade da organização para o bom desempenho das atividades. O professor pode, a partir da fala das crianças, levantar algumas regras para a organização em sala de aula.
Pedir para que as crianças, todas ao mesmo tempo, cantarem uma música para o seu companheiro do lado (esta atividade gerará um caos); depois pedir a um aluno que cante a música dela para a classe. As crianças perceberão como o caos é desagradável e como a ordem tem um sentido. O professor poderá levantar com as crianças outras situações vividas onde a organização é essencial.

O LAGO DE LEITE
(Despertar no aluno o prazer do trabalho em conjunto e a importância da ação individual na contribuição com o todo.
O professor poderá falar um pouco sobre o trabalho na série, para que as crianças entendam a importância do envolvimento de todos para a realização do mesmo).
Em um certo lugar no Oriente, um rei resolveu criar um lago diferente para as pessoas do seu povoado. Ele quis criar um lago de leite, então pediu para que cada um dos residentes do local levassem apenas 1 copo de leite; com a cooperação de todos, o lago seria preenchido. O rei muito entusiasmado esperou até a manhã seguinte para ver o seu lago de leite. Mas, tal foi sua surpresa no outro dia, quando viu o lago cheio de água e não de leite. Em seguida, o rei consultou o seu conselheiro que o informou que as pessoas do povoado tiveram o mesmo pensamento: "No meio de tantos copos de leite se só o meu for de água ninguém vai notar..."
Questionar com as crianças: Que valor faltou para que a idéia do rei se completasse?
Após a discussão, seria interessante que os alunos construíssem algo juntos, como por exemplo: o painel da sala. A sala pode ser decorada com im recorte que, depois de picotado, forma várias pessoas de mãos dadas, como uma corrente

Primeiro dia de aula

O primeiro dia na escola

Início das aulas: Qual será a emoção do primeiro dia de aula para quem está indo pela primeira vez à escola? A cena de uma criança pequena chorando, sem querer largar de sua mãe, pode e deve ser evitada.
É nossa opinião que as crianças não deveriam ir tão cedo para a escola. Quantos de nós não iniciamos nossa vida escolar aos cinco ou seis anos de idade? Sem quaisquer prejuízos ao desenvolvimento intelectual ou ao processo de sociabilização. Pelo contrário, chegando mais amadurecidos emocionalmente, com uma base mais sólida, fruto de uma efetiva influência por parte da cultura familiar.

O processo de educação formal não pode deixar de ser um meio de enquadramento da força criativa, própria da infância, em um sistema, que implica “bitolamento”, submissão e acomodação – o que, podendo ser útil e necessário em uma fase posterior, na primeira infância, limita precocemente o extraordinário potencial infantil.
Mas, na hipótese de uma adequada ida à escola, o fato da criança resistir tem muito a ver com uma ambivalência da mãe e/ou demais familiares – especialmente pai e avós – um querer, e não-querer ao mesmo tempo, que o filho cresça e se torne independente.
Obviamente, tal conflito se dá inconscientemente e por razões que não dependem da “boa intenção” do adulto, e sim como expressão da interação de complexos fatores que compõem a relação mãe-filho-família: super-proteção, medo, hostilidade, competição, insegurança, desconfiança em relação às outras pessoas etc.. Em muitos casos, basta admitir a existência de tais fatores, e conscientemente policiar-se, controlar-se emocionalmente, assumindo uma atitude firme, sem dramas, para que a criança se sinta segura e desestimulada a apresentar condutas regressivas – choros, gritos, esperneio.

Outra solução prática é fazer alguém mais objetivo levar a criança para a escola. Tal pessoa deverá ser tranqüila e firme, para transferir à equipe do estabelecimento escolar o poder de produzir uma vivência emocional de confiança na criança, através de deixá-la na escola e imediatamente ir embora. Quando isto é feito, em geral, a criança não chora ou, após chorar poucos minutos pára e naturalmente se adapta, se entrosando com as demais crianças e professores.
Eis um caso típico onde a dificuldade reside regencialmente nos adultos.

Eventualmente, tal dificuldade pode se transformar em um problema mais complicado, se cronificando e cristalizando uma imagem negativa da criança em relação à escola e vice-versa. Neste caso, a atitude dos pais e professores vai ser decisiva para o futuro da criança.
Na infância tudo é muito flexível e transitório, praticamente qualquer comportamento pode ser “apenas uma fase” ou vir a tornar-se um estigma negativo, prenunciando graves conseqüências no futuro. Daí a importância de uma conduta adequada diante da situação.

Paciência, tranqüilidade e firme decisão constituem ingredientes fundamentais da solução do problema. Além disso, é importantíssimo não atribuir à criança características de personalidade e morais, negativas e definitivas, anunciando para os outros que ela É insegura, preguiçosa, dependente etc., pois, sempre, no máximo, ela ESTÁ apresentando tais comportamentos em decorrência de um contexto familiar e não como uma fatalidade. Pior ainda são as projeções sobre a criança de características negativas associando a “má índole”, herança de um dos pais a quem se quer desqualificar por hostilidade e frustração – muito comum entre casais separados. Funciona como uma profecia auto-realizável, confirmando o preconceito através de comentários e atitudes que precipitam a identificação da criança com aquele papel criticado.