segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Dicas para disléxicos



Dislexia
Definições:DIS – distúrbioLEXIA – (do latim) leitura; (do grego) linguagemDISLEXIA – dificuldades na leitura e na escritaA definição mais usada na atualidade é a do Comitê de Abril de 1994, da International Dyslexia Association – IDA, que diz:Dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio específico da linguagem, de origem constitucional, caracterizado pela dificuldade de decodificar palavras simples. Mostra uma insuficiência no processo fonológico. Essas dificuldades de decodificar palavras simples não são esperadas em relação à idade. Apesar de submetida a instrução convencional, adequada inteligência, oportunidade sócio cultural e não possuir distúrbios cognitivos e sensoriais fundamentais, a criança falha no processo de aquisição da linguagem. A dislexia não é uma doença, portanto não podemos falar em cura. Ela é congênita e hereditária, e seus sintomas podem ser identificados logo na pré-escola.Os sintomas ainda podem ser aliviados, contornados, com acompanhamento adequado, direcionado às condições de cada caso.Não podemos considerar como 'comprometimento' sua origem constitucional (neurológica), mas sim como uma diferença, que é mais notada em relação à dominância cerebral. É uma dificuldade de aprendizagem na qual a capacidade de uma criança para ler ou escrever está abaixo de seu nível de inteligência. A DISLEXIA é uma função, um problema, um transtorno, uma deficiência, um distúrbio. Refere-se a uma dificuldade de aprendizagem relacionada à linguagem. A DISLEXIA não é uma doença, é um distúrbio de aprendizagem congênito que interfere de forma significativa na integração dos símbolos lingüísticos e perceptivos. Acomete mais o sexo masculino que o feminino, numa proporção de 3 para 1. Segundo a Teoria das Inteligências Múltiplas, o ser humano possui habilidades cognitivas: inteligência interpessoal, inteligência intrapessoal, inteligência lógica-matemática, inteligência espacial, inteligência corporal-cinestésica, inteligência verbal-linguística, inteligência musical, naturalista, existencial e pictórica. O disléxico teria sua inteligência mais predisposta à inteligência corporal-sinestésica, musical, espacial. Causas prováveis:A) Uma falha no sistema nervoso central em sua habilidade para organizar os grafemas, isto é, as letras, ou decodificar os fonemas, ou seja, as unidades sonoras distintivas no âmbito da palavra. B) O impedimento cerebral relacionado com a capacidade de visualização das palavras. C) Diferenças entre os hemisférios e alteração (displasias e ectopias) do lado direito do cérebro. Isso implica, entre outras coisas, uma dominância da lateralidade invertida ou indefinida. Mas também justifica o desenvolvimento maior da intuição, da criatividade, da aptidão para as artes, do raciocínio mais holístico, de serem mais subjetivos e todas as outras qualidades características do hemisfério direito. D) Inadequado processamento auditivo (consciência fonológica) da informação lingüística. Sinais encontrados em disléxicosDesde a pré-escola alguns sinais e sintomas podem oferecer pistas de que a criança é disléxica. Eles não são suficientes para se fechar um diagnóstico, mas vale prestar atenção:• Fraco desenvolvimento da atenção.• Falta de capacidade para brincar com outras crianças.• Atraso no desenvolvimento da fala e da escrita.• Atraso no desenvolvimento visual.• Falta de coordenação motora.• Dificuldade em aprender rimas/canções.• Falta de interesse em livros impressos.• Dificuldade em acompanhar histórias.• Dificuldade com a memória imediata e com organização geral. Dificuldades encontradas em crianças com dislexia:• Dificuldade para ler orações e palavras simples.• A pronúncia ou a soletração de palavras monossilábicas é uma dificuldade evidente nos disléxicos.• Crianças ou adultos disléxicos invertem as palavras de maneira total ou parcial; por exemplo: “casa” é lida “saca”. • Invertem as letras ou números, por exemplo: /p/ por /b/, /d/ por /b/, /3/ por /5/ ou /8/, /6/ por /9/, especialmente quando na escrita minúscula ou em textos manuscritos escolares. Assim, é patente a confusão de letras de simetria oposta.• A ortografia é alterada, podendo estar ligada à chamada CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA (alterações no processamento auditivo).• Copiam de forma errada as palavras, mesmo observando na lousa ou no livro como são escritas. Situação incômoda para o professor, pois a criança está vendo a forma correta e escreve exatamente o contrário. Ora, o processamento da informação léxica, que é de ordem cerebral, está invertido ou simplesmente deficiente.• As crianças disléxicas conhecem o texto ou a escrita, mas usam outras palavras, de maneira involuntária. Trocam as palavras quando lêem ou escrevem; por exemplo: “gato” por “casa”.• Algumas apresentam dificuldades em distinguir a esquerda da direita, homônimos (seção, cessão, seção), erros na separação das palavras.• As crianças disléxicas apresentam também dificuldade em escrever, verificando-se irregularidade do desenho das letras, denotando, assim, perda de concentração e de fluidez de raciocínio.O disléxico precisa olhar atentamente, ouvir atentamente, atentar aos movimentos da mão quando escreve e prestar atenção aos movimentos da boca quando fala. Assim sendo, a criança disléxica associará a forma escrita de uma letra tanto com seu som como com os movimentos FALAR/OUVIR/LER/ESCREVER são atividades da linguagem. FALAR E OUVIR são atividades com fundamentos biológicos. O método mais adequado para o processo de alfabetização tem sido o fonético. A criança aprende a usar a linguagem falada, no entanto depende de:• meio ambiente compreensivo, estimulador e paciente;• trato vocal;• organização do cérebro;• sensibilidade perceptual para falar os sons. O sucesso na reeducação de um disléxico está baseado numa terapia multisensorial (aprender pelo uso de todos os sentidos), combinando sempre a visão, a audição e o tato para ajudá-lo a ler e a soletrar corretamente as palavras. Estratégias que ajudam:Uso freqüente de material concreto:Relógio digital.Calculadora.Gravador.Confecção do próprio material para alfabetização, como desenhar, montar uma cartilha.Uso de gravuras, fotografias. A imagem é essencial para sua aprendizagem.Material Cuisinaire / Material Dourado.Folhas quadriculadas para matemática.Máscara para leitura de texto.Letras com várias texturas.Evitar dizer que ela é lenta, preguiçosa, nem compará-la aos outros alunos da classe, não deve ser forçada a ler em voz alta, a menos que demonstre desejo em fazê-lo.Suas habilidades devem ser julgadas mais em suas respostas orais do que nas escritas.Sempre que possível, a criança deve ser encorajada a repetir o que lhe foi dito para fazer. Isso inclui mensagens. Sua própria voz é de muita ajuda para melhorar a memória.Revisões devem ser freqüentes e importantes.Copiar do quadro é sempre um problema. Tente evitar isso, ou dê-lhe mais tempo para fazê-lo.Demonstre paciência, compreensão e amizade durante todo o tempo, principalmente quando você estiver ensinando a alunos que possam ser considerados disléxicos.Ensine-a, quando for ler palavras longas, a separá-las com uma linha a lápis.Dê-lhe menos dever de casa e avalie a necessidade e o aproveitamento dessa tarefa.Não risque de vermelho seus erros nem coloque lembretes do tipo: Estude! Precisa estudar mais! Precisa melhorar! Reforce os acertos com elogios e prêmios. Procure não dar suas notas em voz alta para toda classe, isso a humilha e a faz infeliz.Não a force a modificar sua escrita, ela sempre acha sua letra horrível e não gosta de vê-la no papel. A modulação da caligrafia é um processo longo.Procure não reforçar sentimentos que minimizam sua auto-estima. Dê-lhes um tempo maior para realizar as avaliações escritas. Uma tarefa em que a criança não-disléxica leva 20 minutos para realizar, a disléxica pode levar duas horas. Usar sempre uma linguagem clara e simples nas avaliações orais e principalmente nas escritas. Uma língua estrangeira é muito difícil para eles. Faça suas avaliações sempre em termos de trabalhos e pesquisas.Orientação aos pais:A coisa mais importante a fazer: ajudar a melhorar a auto-estima. Ofereça segurança, carinho, compreensão e elogie seus pequenos acertos.Procurar ajuda profissional para realizar um diagnóstico correto: fonoaudiólogo, psicólogo, neurologista ou psicopedagogo. Explique que suas dificuldades têm um nome: DISLEXIA, e que você vai ajudá-lo a superá-las, mas que ele é o principal agente desta mudança. Encoraje-o e encontre atividades em que se saia bem, estimulando-o nessas atividades. Elogie por seus esforços. Lembre-se de como ele tem de esforçar-se muito para ter algum sucesso na leitura e na escrita. Ajude-o nos seus trabalhos escolares, ou em algumas lições em especial, com paciência (mas não escreva para ele nem resolva suas tarefas de matemática). Ajude-o a ser organizado. Encoraje-o a ter hobbies e atividades fora da escola, como esportes, música, fotografia, desenhos etc.Observe se ele está recebendo ajuda na escola, porque isso faz muita diferença na habilidade dele de enfrentar suas dificuldades, de prosperar e de crescer normalmente. >> Marina S. Rodrigues Almeida, psicóloga, pedagoga e psicopedagoga

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