terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Primeiro dia de aula

O primeiro dia na escola

Início das aulas: Qual será a emoção do primeiro dia de aula para quem está indo pela primeira vez à escola? A cena de uma criança pequena chorando, sem querer largar de sua mãe, pode e deve ser evitada.
É nossa opinião que as crianças não deveriam ir tão cedo para a escola. Quantos de nós não iniciamos nossa vida escolar aos cinco ou seis anos de idade? Sem quaisquer prejuízos ao desenvolvimento intelectual ou ao processo de sociabilização. Pelo contrário, chegando mais amadurecidos emocionalmente, com uma base mais sólida, fruto de uma efetiva influência por parte da cultura familiar.

O processo de educação formal não pode deixar de ser um meio de enquadramento da força criativa, própria da infância, em um sistema, que implica “bitolamento”, submissão e acomodação – o que, podendo ser útil e necessário em uma fase posterior, na primeira infância, limita precocemente o extraordinário potencial infantil.
Mas, na hipótese de uma adequada ida à escola, o fato da criança resistir tem muito a ver com uma ambivalência da mãe e/ou demais familiares – especialmente pai e avós – um querer, e não-querer ao mesmo tempo, que o filho cresça e se torne independente.
Obviamente, tal conflito se dá inconscientemente e por razões que não dependem da “boa intenção” do adulto, e sim como expressão da interação de complexos fatores que compõem a relação mãe-filho-família: super-proteção, medo, hostilidade, competição, insegurança, desconfiança em relação às outras pessoas etc.. Em muitos casos, basta admitir a existência de tais fatores, e conscientemente policiar-se, controlar-se emocionalmente, assumindo uma atitude firme, sem dramas, para que a criança se sinta segura e desestimulada a apresentar condutas regressivas – choros, gritos, esperneio.

Outra solução prática é fazer alguém mais objetivo levar a criança para a escola. Tal pessoa deverá ser tranqüila e firme, para transferir à equipe do estabelecimento escolar o poder de produzir uma vivência emocional de confiança na criança, através de deixá-la na escola e imediatamente ir embora. Quando isto é feito, em geral, a criança não chora ou, após chorar poucos minutos pára e naturalmente se adapta, se entrosando com as demais crianças e professores.
Eis um caso típico onde a dificuldade reside regencialmente nos adultos.

Eventualmente, tal dificuldade pode se transformar em um problema mais complicado, se cronificando e cristalizando uma imagem negativa da criança em relação à escola e vice-versa. Neste caso, a atitude dos pais e professores vai ser decisiva para o futuro da criança.
Na infância tudo é muito flexível e transitório, praticamente qualquer comportamento pode ser “apenas uma fase” ou vir a tornar-se um estigma negativo, prenunciando graves conseqüências no futuro. Daí a importância de uma conduta adequada diante da situação.

Paciência, tranqüilidade e firme decisão constituem ingredientes fundamentais da solução do problema. Além disso, é importantíssimo não atribuir à criança características de personalidade e morais, negativas e definitivas, anunciando para os outros que ela É insegura, preguiçosa, dependente etc., pois, sempre, no máximo, ela ESTÁ apresentando tais comportamentos em decorrência de um contexto familiar e não como uma fatalidade. Pior ainda são as projeções sobre a criança de características negativas associando a “má índole”, herança de um dos pais a quem se quer desqualificar por hostilidade e frustração – muito comum entre casais separados. Funciona como uma profecia auto-realizável, confirmando o preconceito através de comentários e atitudes que precipitam a identificação da criança com aquele papel criticado.

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